O Brasil conta hoje com quase 100 milhões de mulheres. Destas, aproximadamente 46% estão em idade economicamente ativa. Já o número de concurseiras é de aproximadamente 6,5 milhões de candidatas. E os dados revelam que as mulheres representam 54% entre as pessoas candidatas ao serviço público no país. Mas, ainda não é hora de comemorar! Isso porque, apesar de serem maioria no segmento, elas ainda são minoria nas chamadas “melhores carreiras”. Esses números são dados levantados a partir de pesquisas sobre concursos públicos casados com dados do IBGE sobre a população brasileira. Os dados mostram que mais de 15% das mulheres em idade economicamente ativa estão em busca da realização no serviço público. O mais interessante é talvez buscarmos os fatores que têm contribuído para esses resultados. O Mercado de trabalho para as mulheres O mercado de trabalho ainda é um dos locais onde a diferença entre homens e mulheres mais se acentua. E isso mesmo com o crescimento constante da presença feminina no mercado de trabalho. As mulheres somam mais de 35 milhões de trabalhadoras nos últimos 40 anos. Mas problemas como diferença salarial e maior dificuldade de se manter empregada ainda são o maior entrave das mulheres. Na iniciativa privada a diferença salarial entre homens e mulheres sempre foi um ponto complicado no universo trabalhista. Abaixo um quadro que apresenta alguns dados sobre essa diferença a partir de levantamento do Censo do IBGE: E, nesse contexto o setor público ganha destaque. Isso porque a garantia de igualdade salarial e de condições de trabalho, previstas no texto constitucional, realmente existe no serviço público. E esses passam a ser os grandes diferenciais positivos para o aumento no número de mulheres querendo entrar no serviço público. Mulheres fazem mais concursos públicos Existe também outro fator que reforça a participação delas em concursos. É que elas são as vítimas preferenciais do desemprego. Atualmente os dados revelam que o índice desemprego no Brasil já atinge quase 13%. Desse volume temos que a participação das mulheres é de quase 2/3 da força de trabalho desempregada. E esses números reforçam a necessidade das mulheres encararem mais a carreira pública, onde estabilidade e segurança ainda são fortes atrativos. Também é relevante para as mulheres questões relacionadas à família. Afinal, é sabido que elas tendem a ser mais cuidadosas e envolvidas no núcleo familiar. E essa realidade faz com mulheres acabem procurando concursos também como meio para proteger suas famílias. E também por conta de situações específicas como serem as responsáveis financeiramente pela casa. No entanto, apesar dos dados animadores alguns pontos precisam ser destacados: Apesar do volume de concurseiras, e de serem delas também o maior índice de aprovação, elas não são maioria em cargos de maior destaque ou concursos tidos como mais difíceis. E elas têm menor representatividade em concursos para magistratura, carreira diplomática e consultoria legislativa, justamente os cargos de maiores salários no setor público. Nesses cargos, o público feminino representa apenas 39,7% dos candidatos. Também é menor o número de procuradoras, auditoras e ainda médicas no serviço público. Os dados corroboram o perfil do mercado, quanto mais alto o nível hierárquico e/ou salarial menor o número de mulheres a alcançá-lo. Conclusão Assim, é necessária uma mudança para garantir a representatividade feminina adequada no serviço público. Mas isso exige fomento à educação e também uma melhor formação de mulheres para atuar nos mais diversos segmentos. Com isso, o importante não é apenas reforçar a participação feminina, mas também ensinar os homens a compartilharem as atividades que fazem parte das outras jornadas da mulher, como o cuidado com a casa e família. Ou seja, aumentar a participação delas no mercado de trabalho e melhorar a qualificação para o serviço público passa necessariamente pela complexa modificação na cultura nacional. É necessário garantir aos homens o espaço para serem eles também participantes daquilo que hoje está apenas como responsabilidade feminina. Acesse dados e estudos do IBGE sobre Mulher e mercado de trabalho usados neste artigo.